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Investidores brasileiros e norte-americanos de pedra e cal em Portugal

Portugal continua no radar dos investidores estrangeiros, apesar dos dados do INE mostrarem que estão a comprar menos casas.

Tuesday, 16 July 2024 - Novidades

Portugal entrou no radar dos investidores imobiliários estrangeiros e, apesar do interesse parecer estar a abrandar – os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a queda nas transações de casas foi mais expressiva por parte dos compradores estrangeiros do que nacionais –, o país continua na mira. Do Brasil e dos EUA o “apetite” por Portugal mantém-se forte, dizem ao idealista/news especialistas da mediação imobiliária dos dois países, antecipando mais negócios imobiliários nos próximos tempos. 

Os dados mais recentes do INE indicam que estão a ser vendidas menos casas em Portugal, tendo o número de transações recuado 4,1% no primeiro trimestre do ano face ao período homólogo e 3,1% comparativamente com os últimos três meses do ano passado. Mostram ainda que a queda nas transações foi mais expressiva por parte dos compradores estrangeiros, coincidindo este cenário com o fim do regime para Residentes Não Habituais (RNH), nos antigos termos, e o término dos vistos gold para investimento imobiliário: 

  • Os compradores residentes em território nacional adquiriram 31.010 habitações no primeiro trimestre de 2024, menos 3,1% em termos homólogos e menos 1,6% face ao trimestre anterior. É o número mais baixo desde o segundo trimestre de 2020, altura em que foi declarada a pandemia da Covid-19;
  • Os compradores residentes na União Europeia (UE) compraram 989 casas nos primeiros três meses de 2024, um número 22,1% inferior ao observado um ano antes e 19,8% mais baixo que no final de 2023;
  • Os compradores residentes em países fora da UE adquiriram 1.078 casas no primeiro trimestre de 2024, menos 11,9% em termos homólogos e menos 22,4% em comparação com o trimestre anterior.

Ainda assim, e apesar destes dados e da instabilidade legislativa existente em Portugal – um dos entraves apontados por vários players do setor imobiliário tendo em vista a chegada de novos investidores –, o país mantém-se no radar, sendo otimismo palavra de ordem. Isso mesmo confirmam ao idealista/news João Teodoro, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI)-Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) do Brasil, e Anthony Domathoti, presidente da mediadora norte-americana EXIT Realty Premium.

 

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Anthony Domathoti, presidente da mediadora norte-americana EXIT Realty Premiumidealista/news

 

“Há um interesse muito grande por parte dos investidores dos EUA”

“Há um interesse muito grande por parte dos investidores dos EUA em Portugal. 2023 foi um pouco ‘calmo’, no entanto, em 2024, no primeiro e segundo trimestres, houve um grande crescimento. E prevejo que o terceiro e quarto trimestres do ano serão excelentes. E 2025 será ainda mais magnífico”, estima Anthony Domathoti, salientando que “2025 e 2026 serão anos cruciais para Portugal” e que os investidores, nomeadamente os norte-americanos, “já não estão a investir tanto” em países como Espanha e Itália.

Segundo o responsável, que falava com o idealista/news à margem da segunda edição da Convenção APEMIP Imocionate 2024 – realizou-se dia 5 de julho de 2024, em Lisboa –, os investidores norte-americanos estão a piscar o olho a vários segmentos do imobiliário, nomeadamente ao residencial de luxo, ao retalho e à hospitalidade.

“Os Real Estate Investment Trust (REITs) estão a comprar ativos em todos os segmentos de mercado, é apenas uma questão de tempo até que a hospitalidade se torne a chave. Estou a falar de um potencial tipo de investidores relacionados, por exemplo, com o Alojamento Local (AL). Em Lisboa é proibido [novos registos], mas fora da capital é onde está agora o foco. Estão a olhar para este tipo de negócios, a fazer perguntas”, revela Anthony Domathoti. 

Quanto questionado sobre o porquê da atratividade de Portugal, o especialista enaltece, por exemplo, a recuperação do país no pós-pandemia. E considera que os preços de compra de imóveis são mais baixos que noutras geografias. “Os investidores dos EUA estão a olhar para o retorno do investimento e encaram este tema de forma muito prática. [Depois] Portugal é um país muito pacífico, é economicamente estável e tem uma presença muito grande”, conta, antecipando que grandes grupos e/ou fundos como a KKR, a Blackstone e a Cerberus invistam em força no país em breve.

 

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João Teodoro,presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI)-Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) do Brasil.idealista/news

 

Brasileiros vão “continuar a investir em Portugal”

Um cenário otimista, de resto, que também é notório por parte dos investidores brasileiros. João Teodoro, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI)-Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) do Brasil, lembra que “Portugal sempre despertou um grande interesse do Brasil por causa” das raízes existentes entre as duas nações, havendo ainda muitas pessoas que mantêm vínculos familiares. 

“Portugal tem aproximadamente 10 milhões de pessoas, no Brasil temos 216 milhões. Se estratificarmos os números, digamos, para 2% ou 3%, teremos cerca de 5 milhões de pessoas com altíssimo poder de compra. E essas pessoas gostam muito de Portugal por vários motivos. Lisboa, sobretudo, representa uma atratividade muito grande em relação a outras cidades europeias. Há segurança, algo que hoje, lamentavelmente, temos deficiência no Brasil. Aliás, em toda a América Latina. E isso atrai muita gente. A língua também é outro fator bastante relevante”, explica. 

Reiterando que “não há uma grande diminuição de interesse por parte dos investidores brasileiros” em Portugal, João Teodoro prefere pôr o dedo noutra ferida, “o problema do défice na construção”, que faz com que a oferta tenha caído muito, levando a um potencial aumento dos preços. E de uma coisa diz não ter dúvidas: “Vamos [investidores brasileiros] continuar a investir em Portugal”.

O responsável adianta ainda que há uma espécie de investidor-tipo brasileiro, no caso do segmento residencial. Pessoas que compram uma segunda ou terceira habitação no país numa perspetiva de rentabilidade de negócio, ou seja, para a arrendarem. “Há muita gente que faz esse tipo de investimento, mas isso é, na verdade, mais uma questão de oportunidade. A pessoa investiu e não quer deixar o imóvel totalmente parado, então faz um ‘mix’: arrenda-o e reserva um tempo para ele próprio desfrutar dele”. 

João Teodoro, que participou com Anthony Domathoti e Patrícia Barão, Head of Residential da consultora JLL, num debate na Convenção APEMIP Imocionate 2024, adianta ainda que a relação bilateral entre Portugal e Brasil está de boa saúde, havendo também “muitos portugueses a investir em imobiliário no Brasil”.

 

Fonte: https://www.idealista.pt/news/financas/investimentos/2024/07/15/64724-investidores-brasileiros-e-norte-americanos-de-pedra-em-cal-em-portugal#at_medium=email&at_emailtype=retention&at_campaign=1059&at_creation=news_daily_20240715&at_send_date=20240715&at_link=m-1-titular-node-64724&at_recipient_id=62030718490&at_recipient_list=3&utm_medium=email&utm_campaign=1059&utm_term=m-1-titular-node-64724

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